O livro estuda as representações de vida-morte em três pacientes com câncer, por meio de seus relatos em blogs-diários, analisados a partir da perspectiva discursivo-desconstrutivista, com aportes da psicanálise freudo-lacaniana. Foi possível observar que algumas questões e representações se mostraram estáveis no imaginário das pacientes em estudo. O câncer aparece representado como um inimigo e como um professor, e como algo que está fora do sujeito. A fé/religião aparece para tentar explicar o que é inexplicável, ou seja, para resolver o problema do propósito da doença (e da própria vida) e assegurar a salvação. Em geral, o dizer das pacientes remete a um discurso que atrela câncer à morte, o que faz com que grande parte do sofrimento seja psíquico, advindo do imaginário construído ao redor da doença e do fim da vida. A situação possivelmente seria outra se soubéssemos lidar melhor com a nossa própria morte e nos permitíssemos refletir sobre ela, mesmo sem a existência de uma ameaça real à vida.