O século XIX foi um marco na consolidação do português brasileiro. Simultaneamente ao afastamento da variedade falada na antiga metrópole, o país adotou a norma do português moderno escrito em Portugal, o que gerou uma dificuldade: os brasileiros precisaram adaptar-se a uma norma escrita bastante distante do português falado por eles. Estudos mostram que a construção social do gênero feminino pode ter um papel nos processos de mudança linguística e, no caso da São Paulo do século XIX, supõe-se que as mulheres teriam sido responsáveis pela manutenção do português brasileiro, criado pelos processos de mudanças coloniais. Dessa forma, por meio da construção de um percurso histórico da cidade de São Paulo e do papel da mulher nessa sociedade, juntamente com a análise de cartas escritas por elas e publicadas no Correio Paulistano na década de 1860, este livro pretende apresentar uma possível contribuição feminina para a constituição do português paulista e, por extensão, do português brasileiro.